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Tatiana Navega

Às borboletas presas dentro de mim

Às borboletas presas dentro de mim, nessa manhã, decido dar liberdade. São milhões de desejos, expectativas e metas que percebo inalcançáveis, não por preguiça nem mesmo por falta de oportunidade, mas por não serem saudáveis a quem eu pretendo ser. Encaro-as de frente e pergunto:


- Quem foi que colocou vocês dentro de mim?


A resposta silenciosa confirma o que eu já sei. O vendedor dessas vontades não está presente para se defender. Fecho os olhos, respiro fundo e tento encontrar o que realmente faz parte de mim para que então meus desejos me ajudem a evoluir ao invés de me deformar. O que se apresenta é bem diferente daquilo que tenho ao meu redor. É mais simples, mais singelo, inclusive mais fácil de alcançar.


Algo se movimenta atrás de mim. Minhas próprias asas começam a aparecer. Que surpresa! Não preciso de borboletas alheias, eu mesma posso voar. Tento abri-las, doce ilusão, elas não cabem aonde estou.


Nesse momento uma luz forte entra pelo cantinho do meu coração. Consciência, elucidação. Minhas asas não cabem nesse lugar pois ele foi feito propositalmente assim. Ao mantê-las fechadas esqueço que elas existem, porém, o desejo de voar não vai embora, pelo contrário, desesperada começo a comprar qualquer migalha que represente liberdade vendida por alguém que parece voar:


- Se eu for igual aquela pessoa serei feliz.


Será? Presto atenção no preço. Comprar certas metas, expectativas e sonhos me farão amar e aceitar de maneira mais saudável aquilo que eu sou? Ou trarão ansiedade e o desprezo pela imagem que aparece refletida no espelho diante de mim?


Quando a vida dos outros passa a ser mais interessante do que a minha, roubando meu tempo, atenção e aprisionando meu olhar é porque fui pega no comércio das asas falsas que me seduzem, mas não me possibilitam sair do lugar.


Abro a janela, internamente começo a me movimentar, as borboletas presas entendem o recado, vão embora, se libertam e consequentemente me presenteiam com a liberdade que eu tanto quis. Vazia, assumo o compromisso de construir uma realidade onde as minhas asas originais, aquelas que me cabem por fazerem parte de mim, possam enfim se desenvolver.


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