Tento me movimentar, não consigo.
Tropeço em mim e nas medidas que me auto imponho para merecer prestígio e amor.
Percebo então que meu esforço, meu alvoroço, minha vontade de ser perfeita aos olhos dos demais, cria um mecanismo de exigência daqueles que circulam ao meu redor. Pois quem me vê se atraí pelo que apresento, e se aquilo que mostro for uma tentativa de ser algo que me obrigo a alcançar, mas que na verdade não sou, me transformo em promessa, gerando decepção.
Quem se aproxima não espera menos do que prometi e eu, em consequência, para deixar alguém entrar, exijo um comportamento impecável, já que a energia gasta na produção daquilo que, com sacrifício ofereci precisa ser abastecida por alguém.
A qualidade das minhas relações quem dita sou eu, a partir do tamanho daquilo que me proponho a dar. E ao me doar muito, tentando parecer ideal, ao mover mundos e fundos para ganhar essa almejada atenção, crio uma dinâmica de cobrança a mim insustentável, insuportável, irreal.
O resultado?
Relações cansativas, falsas, onde preciso me esforçar o tempo todo, não para me desenvolver, mas para tomar cuidado em não ser o que sou, exigindo o mesmo dos outros, criando tensão, superficialidade, já que a espontaneidade do deixar-se conhecer, desaparece com a tentativa de ser algo que na verdade, ninguém é.
Sendo assim, dispo-me das exigências que faço aos outros para destruir as prisões que elas criam ao meu redor.
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