Deus acordou com a estranha intuição de que suas criaturas estavam precisando de ajuda. Chamou o anjo auxiliador e perguntou como poderia descobrir o que estava acontecendo:
- Simples Senhor. Escute as preces delas pelo aparelho receptor de orações. Mas aqui não tem sinal, você precisa estar mais perto para conseguir recebê-las, na Lua, por exemplo.
Deus agarrou o que precisava e foi. Chegou lá, ligou o aparelho e logo as orações começaram a chegar. Cinco minutos depois, ele estava em prantos. Suas lágrimas eram tantas que formaram uma correnteza, deixando marcas na lua e dessa água divina surgiu um magnífico ser:
- Posso ajudá-lo a transformar essas lágrimas de tristeza em alegria?
- Não sei. Fiz um mundo cheio de vida, porém, mesmo assim, minhas criaturas não conseguem se relacionar e estão sofrendo de solidão.
- Mas se essa dor é delas, por que você está chorando?
- Porque eu as amo, e quando elas sofrem, eu sofro também.
- Então coloque esse sentimento dentro delas, provavelmente é isso que falta.
A face de Deus se iluminou. Como não havia pensado nisso antes? Para curar a solidão ele precisava colocar afeto dentro delas, o fio mais forte de ligação:
- Tem razão, mas ao mesmo tempo, isso pode gerar muita confusão. Se elas começarem a se amar irão sofrer quando tiverem que se separar.
- Sim, por isso será preciso estar pertinho delas para abraçá-las e fazê-las regenerar os corações que perderem pedaços a cada separação.
Deus ficou em dúvida. Ele não podia abandonar os escritórios celestiais:
- Você poderia cuidar do coração delas para mim? O que posso te oferecer em troca? Aliás, quem é você?
- Sou Câncer. Me dê a lua, para que eu possa vê-las e o oceano para que eu possa curá-las e assim, eu faço esse trabalho para você.
Deus pensou bem, eram tesouros muito especiais. Porém, seu amor falou mais alto e mesmo se sentindo um pouquinho induzido, aceitou.
Desde então Câncer faz da lua sua morada e, nos abraçando através do oceano, regenera os pedacinhos perdidos dos nossos corações para que tenhamos coragem de amar.